A BUSCA INFINDÁVEL: OS TRAÇOS DE MEMÓRIA EM FAZENDO ANA PAZ, DE LYGIA BOJUNGA
Resumo
Este trabalho analisa traços de memória no livro Fazendo Ana Paz (2007), de Lygia Bojunga. Neste livro, deparamo-nos com um narrador que problematiza sua própria escrita, exercendo o papel de um narrador-autor, que é representado em seu próprio processo de feitura de suas personagens. Notamos que a questão da memória se apresenta como ponto importante e delicado, pois as personagens se apresentam como lembranças a serem rememoradas e narradas. Além disso, a história da personagem Ana Paz é bastante similar à biografia de Lygia Bojunga, o que nos faz pensar que se trata de uma narrativa memorialista e metanarrativa. Pelo enredamento da obra, percebemos que a narradora estava habituada com o “surgimento sutil” de suas outras personagens, até que ela se depara com Ana Paz, que “surge” de repente e “desaparece” do mesmo modo, fazendo-a debater-se consigo mesma (por meio da escrita), na tentativa de encontrar uma razão para a insistente fuga da personagem. Com isso, nosso trabalho procura analisar as características das personagens, do narrador e da narrativa, enquanto elementos de problematização do fazer literário, tendo por base que tais elementos são todos atravessados pela escrita rememorativa. Para esta análise, recorremos principalmente a textos de Maurice Blanchot (2011), Jeanne Marie Gagnebin (2014), Walter Benjamin (1994) e de Marcel Proust (2006).